segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Sobre o desejo por Matthieu Ricard

O desejo é principalmente um impulso, mas quando os desejos se entrelaçam com anseio e apegos intensos, nossa experiencia demonstra que eles conduzem ao sofrimento.
Experiências prazeirosas dão vazão a mais anseios, já que a pessoa quer sentir de novo a sensação de prazer.Isso gradualmente estabelece um padrão de desejo. Em algum ponto, o prazer pode minguar, mas o desejo ainda persiste. Quando a pessoa constrói um forte desejo por algo que não é agradável, ai realmente ela está capturada.
Não podemos esperar uma solução mágica que vá nos livrar subitamente de todos os nossos anseios, já que eles foram construídos ao longo do tempo, mas um treinamento da mente perseverante pode gradualmente erodir essas fortes tendências.
Uma maneira de fazer isso é interromper a identificação com nosso anseio. Geralmente nos identificamos completamente com nossas emoções. Quando somos dominados pelo desejo, somos uno com esse sentimento - ele fica onipresente em nossa mente. A mente contudo, sempre é capaz de examinar o que está acontecendo com ela. Tudo o que temos a fazer é observar nossas emoções do mesmo modo como observaríamos um evento à nossa frente.
A parte da nossa mente que está consciente do desejo está simplesmente consciente, não está ansiando. Podemos recuar um passo, compreender que esse anseio não tem solidez e permitir um espaço suficiente para ele se dissolver nele mesmo. Deixemos que nossa mente relaxe na paz do estado consciente e desperto, livre de esperança e medo, apreciando o frescor do momento presente, que age como um bálsamo na queimadura do desejo.

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