segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Sobre o desejo por Matthieu Ricard

O desejo é principalmente um impulso, mas quando os desejos se entrelaçam com anseio e apegos intensos, nossa experiencia demonstra que eles conduzem ao sofrimento.
Experiências prazeirosas dão vazão a mais anseios, já que a pessoa quer sentir de novo a sensação de prazer.Isso gradualmente estabelece um padrão de desejo. Em algum ponto, o prazer pode minguar, mas o desejo ainda persiste. Quando a pessoa constrói um forte desejo por algo que não é agradável, ai realmente ela está capturada.
Não podemos esperar uma solução mágica que vá nos livrar subitamente de todos os nossos anseios, já que eles foram construídos ao longo do tempo, mas um treinamento da mente perseverante pode gradualmente erodir essas fortes tendências.
Uma maneira de fazer isso é interromper a identificação com nosso anseio. Geralmente nos identificamos completamente com nossas emoções. Quando somos dominados pelo desejo, somos uno com esse sentimento - ele fica onipresente em nossa mente. A mente contudo, sempre é capaz de examinar o que está acontecendo com ela. Tudo o que temos a fazer é observar nossas emoções do mesmo modo como observaríamos um evento à nossa frente.
A parte da nossa mente que está consciente do desejo está simplesmente consciente, não está ansiando. Podemos recuar um passo, compreender que esse anseio não tem solidez e permitir um espaço suficiente para ele se dissolver nele mesmo. Deixemos que nossa mente relaxe na paz do estado consciente e desperto, livre de esperança e medo, apreciando o frescor do momento presente, que age como um bálsamo na queimadura do desejo.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Hipersensibilidade.

LT estava viajando há algumas semanas, confesso que quando ela não está por perto, minha disciplina nas práticas enfraquece e minha mente fica mais instável que o normal, sinto, mas parece que a concentração fica distante de mim, me distraio com coisas bobas tipo TV, internet, leituras e bate papo superficial.
Soube que ela estaria de volta e estaria numa das praticas da semana então não pensei duas vezes em madrugar para reve-la...Ela entra, linda, sorridente, feliz por ter voltado e nos ver ali. Me emociono só de ve-la, ela olha todos a volta e abre um sorriso que só contém amor, a prática começa com aquela energia que ela carrega e 2 horas sentada parecem 2 minutos. No final ela bate um papo conosco, como quem conversa com seus filhos, agradece por deixarmos tudo em ordem e abençoa um a um, com aquele olhar forte e terno que só ela tem. Meu dia é outro, meus olhos lacrimejam só de lembrar dela, um nó na garganta, uma emoção inexplicavél, uma gratidão imensa. É puro mérito.Como é bom te-la de volta...

terça-feira, 14 de junho de 2011

Tchi Nhat Hanh

A natureza da nossa mente está obstruída. Isso significa que construimos um mundo cheio de ilusões para nós mesmos por causa da maneira distorcida de percebemos a realidade Meditação é olhar em profundidade a fim de chegar a realidade - primeiro a realidade de nós mesmos e, depois, á realidade do mundo. Para chegar a essa realidade, temos que abandonar as imagens que criamos na nossa consciência, bem como nossas noções de eu e outro, dentro e fora. Nossa prática destina-se a corrigir essa tendência para discriminar e pensar dualisticamente e, assim, possibilitar que a realidade se revele em si mesma

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Algumas reflexões!!

O medo e a ansiedade são os estados psicológicos dominantes da nossa mente. Por tras do medo há um constante anseio por certeza. temos medo do desconhecido. A vontade da mente de obter confirmação tem sua raíz no nosso medo da impermanência.
O destemor nasce quando vc consegue apreciar a incerteza. O reconhecimento da impermanência é a chave que nos liberta do medo de ficarmos presos em uma situação, hábito ou padrão.
                                                                                                                               Dzongsar Khyentse

A vontade de "ser feliz para sempre" nada mais é do que o desejo de permanência disfarçado. Fabricar conceitos como "amor eterno" e "felicidade para sempre" gera mais evidencia da impermanência. Nossa intenção e o resultado obtido são desencontrados.                                                   Dzongsar Khyentse


A idealização cria uma ficção para a qual nos inclinamos. Quando combinamos uma pessoa com uma ficção sobreposta, podemos nos apaixonar pela ficção maravilhosa que criamos e mais tarde nos decepcionar achando que a pessoa "mudou".                                                                                Allan Walace.

Quando sentimos sofrimento, habitualmente identificamos sua fonte como "exterior" (outras pessoas ou situações). O diagnostico budista da nossa condição é que a fonte do sofrimento está nas aflições mentais. As circunstancias externas servem meramente para catalisar ou acionar algo que já está dentro de nós.
                                                                                                                                Allan Walace  

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tristeza - Monja Coen

Achei esse texto muito lindo, é assim que venho tentando superar as tristezas que aparecem na minha vida.

Qual é o significado da tristeza e como lidar com ela?
Na tristeza ficamos tristes.
Quando perdemos alguém.
Quando perdemos.
Quando as coisas não são como queríamos que fossem.
Quando as pessoas não são como queríamos que fossem.
Quando o mundo e a realidade não são o que queríamos que fossem.
Quando não somos o que gostaríamos de ser.
Quando não temos o que gostaríamos de ter.


Porém,
se nos lembrarmos
que as coisas são como são
que as pessos são como são
que nós, o mundo e a relidade são o que são
e que podemos apreciar o que temos invés de lamentar o que não temos,
começamos a entrar no mundo da não dualidade.

Se houver sabedoria e compaixão perceberemos que a tristeza, mesmo profunda, é passageira.
Perceberemos que se as coisas, as pessoas, o mundo, a realidade e nós mesmos estamos num processo contínuo de transformação
Então poderemos pensar em nos tornarmos essa transformação que queremos no mundo.
Para que haja menos tristeza, mais alegria, mais compartilhamento e harmonia.

O  contentamento com a existência é um dos ensinamentos principais de Buda:

"a pessoa que conhece o contentamento é feliz, mesmo dormindo no chão duro; a pessoa que não conhece o contentamento é infeliz mesmo num palácio celestial."


Então, quando sentimos tristeza, observamos a tristeza.
Como está nossa respiração?  Como estão os batimentos cardíacos?  Como está a nossa postura?  Que pensamentos são esses que me fazem deixar os ombros cair para frente, baixar a cabeça e, quem sabe, chorar?
Como se formam as lágrimas?
E, mesmo em meio a lágrimas, podemos sorrir e perceber que enquanto vivas criaturas temos esta experiência extraordinária e bela de poder ficar triste.
Tristeza que vem.
Tristeza que vai.
E sem se apegar a coisa alguma e sem sentir aversão a coisa alguma descobrimos o verdadeiro sentido da vida.
É assim que trabalhamos a tristeza.
Zazen - sentar-se em zen e observar a si mesma.
Postura correta, alongamento da coluna vertebral, abrir o diafragma e respirar profundamente.  Inspiração mais curta, expiração mais longa.  Saboreando o ar.  Ombros alinhados e retos, postura de Buda.
Ensinamentos de sabedoria nos auxiliam a sair da toca, do casulo de separatividade que falsamente criamos e de nos lembrarmos que sempre há pessoas e situações piores do que a nossa, sempre há pessoas e situações melhores do que a nossa e nunca, nunca, perder a dignidade.
Tristeza boa é da saudade de alguém que logo poderemos rever.
Tristeza ruim é aquela que náo queremos deixar passar.  Aquela na qual nos agarramos, pois nos dá uma identidade, nos torna especiais.  Especialmente tristes. Comoventes, Vítimas a serem apiedadas e cuidadas.  Ah!  Quanta carência.

Abandonar a tristeza é abrir as mãos, o coração, a mente para a emoção seguinte. 
É lavar o rosto, olhar para a imensidão do céu, da Terra, do mar e perceber a pequenês da nossa vida.

Sem culpa e sem culpar ninguém.

Sinta a tristeza, reconheça, respire a tristeza e a deixe passar.

terça-feira, 15 de março de 2011

Compaixão e solidariedade...

Noticias tristes essas dos terremotos e tsunamis no Japão, além da preocupação com o vazamento das usinas nucleares. Não consigo quantificar a imensidão dessa tragédia, mas pelo pouco que vi, as pessoas que ali estão sofrem muito. Dor é dor, não importa a língua. Nessas horas resta ter compaixão e orar muito para que o carma seja amenizado e que todos consigam tudo o que necessitem nesses momentos.
Tenho visto muitas mensagens, muitas imagens de gente solidária com aquele país, de onde meus ascendentes vieram e é muito bonito ver a solidariedade.
Nossa Lama pediu pra fazer muitos mantras, acender lamparinas para ajudar, todos fazendo uma parte com certeza se tornará uma oferenda imensa...
OM TARE TAM SOHA!!!!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Oração!!

                                                                  
                                                                      

                               

                                Fiz essa oração quando estava num momento de turbidez mental, sem saber o que fazer e que decisão tomar, dai "conversando" com a deidade(que é Tara Vermelha) e minha Lama, ela surgiu e clareou tudo, como num passe de mágica...por isso vou dividir com vcs, pois fez um bem enorme pra mim, espero que sirva pra alguém.



Sente em frente ao seu altar e contemple a impermanência, a vacuidade, a não solidez de todos os fenômenos, a dualidade...
Peça a Tara, ou sua deidade para clarear sua mente, remover obstáculos e realizar desejos.
Tente perceber o quanto seu problema é pequeno frente a tudo que acontece , olhe de uma perspectiva maior e deixe surgir a compaixão.
Não deixe o seu ego tirano tomar conta, ofereça seu corpo para todos com quem tem dívidas cármicas ou aqueles que querem te fazer mal, eles são nossos guias espirituais, devemos entender claramente que todas as percepções confusas surgem do apego a si mesmo.Não tenha medo desse ego tirano voltar e se revoltar por vc deixar que te maltratem, pois se conseguir contemplar dessa maneira ele aos poucos enfraquecerá.
Não tenha medos, ciúmes, apego, inveja, raiva, orgulho porque todos os seres sem exceção estão em busca de felicidade, não querem sofrer e se alguém te fere, não é pra prejudicar conscientemente e sim porque buscam a felicidade. Toda experiência depende da mente, da percepção dela e só eliminando os venenos que teremos a experiência da sabedoria.
Tenha compaixão por todos os seres, dome sua mente e tenha força para ultrapassar os hábitos.
Contemple a verdadeira natureza da mente por um instante que seja. Relaxe, procure a paz interna, deixe o coração leve e agora sim, tente tomar uma decisão.
Agradecer o Darma por estar no caminho e dedicar os méritos para todos os seres.











                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Eutanásia!!

Sou médica veterinária, formada há muitos anos e a questão da eutanásia nunca foi um problema pra mim, encarava como algo inerente a minha profissão e por esses anos fiz sem nenhuma culpa, mas recentemente, há 1 ano, começei a frequentar um templo budista e com isso recebi muitos ensinamentos da nossa Lama e li vários livros sobre Budismo e só então comecei a questionar sobre "tirar" a vida de um ser vivo, mesmo, na minha onipotencia, achando que seria melhor pro animal, aliviando uma dor ou o sofrimento de uma doença "incurável". Ainda assim, alguns casos me chocam e por piedade acabo fazendo, mesmo sabendo que estou criando carma negativo e interferindo no carma desse animal e dessa família.
Na semana do Natal, fiz uma entrevista com a minha Lama, e a primeira pergunta que fiz foi exatamente sobre eutanásia e ela foi enfática ao dizer " NÃO FAÇA" , tentei argumentar, mas ela foi incisiva. A tarefa ficou transitando na minha mente e comecei a sofrer quando tinha que realizar alguma, o que fazer para não realizar mais?Como explicar ao proprietário que esse momento é o momento mais importante da vida daquele que nos teve amor incondicional, daquele que precisa estar com seu dono, na sua casa, se sentindo protegido mesmo que a dor física ou desconforto seja grande? Quem somos pra julgar se a angustia de saber que vai ser morto (porque eles sabem) será menor  do que seu sofrimento atual? Quem somos nós para julgar a doença incurável?Quem somos nós para interferir no carma de um outro ser? Por mais que a intenção seja boa, cheguei a conclusão de que não vale a pena.
Não digo que nunca mais farei, mas farei o possivel para que isso aconteça, assumindo todos os carmas advindos dessa pratica e tentando purificar os tantos que já fiz. Aceitei o conselho dado da mãe para uma filha, grata por essa lição, Lama Tsering.